Arcadismo no Brasil
terça-feira, 4 de novembro de 2014
Apresentação
O blog Arcadismo no Brasil foi criado pelos alunos Amanda, Cristina, Gabriel, Guilherme Queiroz, Renata e Vinicius de Moura, do 1° ano 6, da Escola Segismundo Pereira, com o intuito de estudar a escola literária Arcadismo no Brasil. Aqui estão relatadas as principais características, o contexto histórico, análises literárias e autores do Neoclassicismo que foi a terceira escola literária do período colonial brasileiro.
Biografia
Basílio da Gama
Basílio da Gama (1741-1795) nasceu no dia 08 de abril, no arraial de São José do Rio das Mortes, hoje Tiradentes, MG. Foi para o Rio de Janeiro, estudar no Colégio dos Jesuítas. Em 1759, os padres da Companhia de Jesus foram expulsos do Brasil, obedecendo um decreto do Marques de Pombal. O Colégio dos Jesuítas foi fechado e Basílio da Gama foi para Roma continuar seus estudos. Ingressou na Academia Romana, academia literária que reunia escritores com a finalidade de combater o estilo barroco. Em 1767 voltou para o Brasil e no ano seguinte foi para Portugal, onde ingressou na Universidade da Coimbra. Acusado de ter amizade com jesuítas, foi preso e condenado ao exílio, em Angola, na África. Livrou-se do exílio ao escrever um poema em homenagem à filha do Marques de Pombal. Basílio passou a ser favorecido e o Marques lhe concede a carta de fidalga e o nomeia Secretário do Reino. Com a ajuda do Marquês fez novos contatos com os árcades portugueses, o que lhe permitiu escrever seu poema épico '' O Uruguai''. Publicado em 1769, relata a guerra movida pelos portugueses e espanhóis contra os Sete Povos das Missões, no Rio Grande do Sul. José Basílio da Gama morreu em Lisboa, Portugal, no dia 31 de julho de 1795.
Obras de Basílio da Gama:
Epitalâmio às Núpcias da Sra. Maria Amália, poesia, 1769.
O Uruguai, poesia, 1769.
A Declamação Trágica, poesia, 1776.
Os Campos Elísios, poesias, 1776.
Caramuru, poesia, 1781.
Quitúbia, poesia, 1791.
Frei José de Santa Rita Durão nasceu em Cata Preta, atual Santa Rita Durão, em Minas Gerais, em 1722. Iniciou seus estudos no Colégio dos Jesuítas, transferindo-se, aos nove anos de idade, para Portugal. Poucos anos depois ingressou na Ordem dos Eremitas de Santo Agostinho em 1737, em Lisboa e no ano seguinte, foi ordenado no Convento da Graça. Entre 1738 e 1745, aproximadamente, fez o curso de Filosofia e Teologia na Universidade de Coimbra (Portugal). Recebeu ordenação como presbítero em 1745. Em 1756 tornou-se doutor em Teologia pela Universidade de Coimbra. Foi professor de Teologia em Braga e na Universidade de Coimbra do Colégio de Santo Agostinho, além de sócio da Academia Litúrgica Portifícia. Em 1759, foi nomeado professo de Filosofia e Matemática em Leiria (Portugal), não assumindo o cargo por não ser liberado por seu superior, o bispo D. João. Entre 1764 e 1773 foi bibliotecário na Livraria (antiga denominação para biblioteca) Pública Lancisiana, em Roma (Itália). Por desavenças no meio religioso, fugiu para a Itália. Retornou a Portugal, após a queda Pombalina, onde assumiu a cátedra de Teologia na Universidade de Coimbra e iniciou a elaboração de Caramuru. Faleceu em Lisboa, Portugal, em 24 de janeiro de 1784.
Características
- Exaltação da Natureza (Bucolismo): o Arcadismo estava sempre em busca pelos valores da natureza, fazia muitas referencias ao campo e ao mundo natural. Os poetas dessa escola literária costumavam escrever sobre a tranquilidade de uma vida no campo, admiravam a vida simples, desprezando os movimentados centros urbanos, assim como a agitação e os problemas das pessoas que moravam nesse lugares.
- Imitação dos Clássicos: para os Árcades, a arte greco-romana era considerada um modelo de perfeição, equilíbrio, beleza e simplicidade. Foi assim que as grandes influência desses povos conquistaram os moldes neoclassicistas ao que se refere à temática, às regras de composição e também no predomínio das figuras mitológicas.
- Racionalismo: o homem se torna um ser pensante, tudo é explicado pela razão, os costumes míticos já não existem mais, a mitologia e tudo que etá além da nossa compreensão se torna desnecessária nessa período.
- Pastoralismo: A maioria dos autores dessa escola literária retratam em suas obras a vida do homem do campo, os pastores que estão em harmonia com o lugar onde eles vivem, em uma paisagem simples, perfeita. A natureza é considerada um lugar de refrigério, de paz e tranquilidade. Nesse ponto existe também a valorização da mulher, as pastoras, o amor galante, respeitoso.
- Expressões em Latim:
> Carpie Diem (Aproveitar o dia): Visando as instabilidades do mundo material, o ideal era aproveitar os prazeres proporcionados pela vida, antes que esta passe.
> Fugere Urbem (Fugir da Cidade): Valorizando o bucolismo, o homem em harmonia com a natureza, que desprezava a vida nos centros urbanos, valorizando somente aquilo que é natural, a vida simples, tranquila e amena.
> Locus Amaenus (Local Agradável): a natureza era vista como um local aprazível, que lhes proporcionava equilíbrio e paz interior.
> Inutilia Truncat (Cortar o Inútil): Essa tomada de posição retratava uma verdadeira oposição aos excessos da período barroco. Dessa forma, os representantes árcades optavam pela simplicidade, pela ordem direta da linguagem e pela clareza.
- Imitação dos Clássicos: para os Árcades, a arte greco-romana era considerada um modelo de perfeição, equilíbrio, beleza e simplicidade. Foi assim que as grandes influência desses povos conquistaram os moldes neoclassicistas ao que se refere à temática, às regras de composição e também no predomínio das figuras mitológicas.
- Racionalismo: o homem se torna um ser pensante, tudo é explicado pela razão, os costumes míticos já não existem mais, a mitologia e tudo que etá além da nossa compreensão se torna desnecessária nessa período.
- Pastoralismo: A maioria dos autores dessa escola literária retratam em suas obras a vida do homem do campo, os pastores que estão em harmonia com o lugar onde eles vivem, em uma paisagem simples, perfeita. A natureza é considerada um lugar de refrigério, de paz e tranquilidade. Nesse ponto existe também a valorização da mulher, as pastoras, o amor galante, respeitoso.
- Expressões em Latim:
> Carpie Diem (Aproveitar o dia): Visando as instabilidades do mundo material, o ideal era aproveitar os prazeres proporcionados pela vida, antes que esta passe.
> Fugere Urbem (Fugir da Cidade): Valorizando o bucolismo, o homem em harmonia com a natureza, que desprezava a vida nos centros urbanos, valorizando somente aquilo que é natural, a vida simples, tranquila e amena.
> Locus Amaenus (Local Agradável): a natureza era vista como um local aprazível, que lhes proporcionava equilíbrio e paz interior.
> Inutilia Truncat (Cortar o Inútil): Essa tomada de posição retratava uma verdadeira oposição aos excessos da período barroco. Dessa forma, os representantes árcades optavam pela simplicidade, pela ordem direta da linguagem e pela clareza.
Análise Obra Tomás Antonio Gonzaga
Lira I
Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
que viva de guardar alheio gado,
de tosco trato, de expressões grosseiro,
dos frios gelos e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal e nele assisto;
dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
das brancas ovelhinhas tiro o leite,
e mais as finas lãs, de que me visto.
Graças, Marília bela.
graças à minha Estrela!
Eu vi o meu semblante numa fonte:
dos anos inda não está cortado;
os Pastores que habitam este monte
respeitam o poder do meu cajado.
Com tal destreza toco a sanfoninha,
que inveja até me tem o próprio Alceste:
ao som dela concerto a voz celeste
nem canto letra, que não seja minha.
Graças, Marília bela.
graças à minha Estrela!
Mas tendo tantos dotes da ventura,
só apreço lhes dou, gentil Pastora,
depois que o teu afeto me segura
que queres do que tenho ser senhora.
É bom, minha Marília, é bom ser dono
de um rebanho, que cubra monte e prado;
porém, gentil Pastora, o teu agrado
vale mais que um rebanho e mais que um trono.
Graças, Marília bela.
graças à minha Estrela!
(...)
Publicado no livro Marília de Dirceu: Parte I (1792).
In: GONZAGA, Tomás Antônio. Obras completas. Ed. crít. M. Rodrigues Lapa. São Paulo: Ed. Nacional, 1942. (Livros do Brasil, 5)
Lira III
Tu não verás, Marília, cem cativos
tirarem o cascalho e a rica terra,
ou dos cercos dos rios caudalosos,
ou da minada serra.
Não verás separar ao hábil negro
do pesado esmeril a grossa areia,
e já brilharem os granetes de oiro
no fundo da bateia.
Não verás derrubar os virgens matos,
queimar as capoeiras inda novas,
servir de adubo à terra a fértil cinza,
lançar os grãos nas covas.
Não verás enrolar negros pacotes
das secas folhas do cheiroso fumo;
nem espremer entre as dentadas rodas
da doce cana o sumo.
Verás em cima da espaçosa mesa
altos volumes de enredados feitos;
ver-me-ás folhear os grandes livros,
e decidir os pleitos.
Enquanto revolver os meus consultos,
tu me farás gostosa companhia,
lendo os fastos da sábia, mestra História,
e os cantos da poesia.
Lerás em alta voz, a imagem bela;
eu, vendo que lhe dás o justo apreço,
gostoso tornarei a ler de novo
o cansado processo.
Se encontrares louvada uma beleza,
Marília, não lhe invejes a ventura,
que tens quem leve à mais remota idade
a tua formosura.
Publicado no livro Marília de Dirceu: Terceira Parte (1812).
In: GONZAGA, Tomás Antônio. Obras completas. Ed. crít. M. Rodrigues Lapa. São Paulo: Ed. Nacional, 1942. (Livros do Brasil, 5)
Lira XXIII
Não praguejes, Marília, não praguejes
a justiceira mão que lança os ferros;
não traz debalde a vingadora espada;
deve punir os erros.
Virtudes de Juiz, virtudes de homem
as mãos se deram e em seu peito moram.
Manda prender ao Réu, austera a boca,
porém seus olhos choram.
Se à inocência denigre a vil calúnia,
que culpa aquele tem, que aplica a pena?
Não é o Julgador, é o processo
e a lei, quem nos condena.
Só no Averno os Juízes não recebem
acusação nem prova de outro humano;
aqui todos confessam suas culpas,
não pode haver engano.
(...)
Publicado no livro Marília de Dirceu: Segunda Parte (1799).
In: GONZAGA, Tomás Antônio. Obras completas. Ed. crít. M. Rodrigues Lapa. São Paulo: Ed. Nacional, 1942. (Livros do Brasil, 5)
Sentimento do eu-lírico. Estrutura da poesia
Tomás António Gonzaga escreveu versos marcados por expressão própria, pela harmonização dos elementos racionais e afetivos e por um leve toque de sensualidade. Segundo Alfredo Bosi, Gonzaga está acima de tudo preocupado em "achar a versão literária mais justa dos seus cuidados". Assim, "a figura de Marília, os amores ainda não realizados e a mágoa da separação entram apenas como 'ocasiões' no cancioneiro de Dirceu", o que diferencia o autor dos seus futuros colegas românticos.
Versos, Estrofes, e a Metrificação
Lira XXIII
16 versos
4 estrofes
tetrassilaba, pentassilaba
Lira I
30 versos
3 estrofes
Díssilaba, trissilaba, tetrassilaba
Lira III
40 versos
5 estrofes
trissilaba, tetrassilaba, pentassilaba
Analise da obra Caramuru (Frei Santa Rita):
Autor: Frei Santa Rita Durão
Obra: Caramuru
A
obra enfoca o triunfo de uma figura mítica do passado colonial brasileiro, o
qual simboliza também o êxito de um país.
Não se sabe quase nada sobre este poeta, tudo
que se sabe ser verídico nesta história é a relação de Diogo, conhecido como
Caramuru, com Catarina Paraguaçu, uma idealista que tinha o poder de antever os
confrontos que se desenrolariam futuramente entre os colonizadores e os
holandeses. Tudo, além disso, é considerado lenda.
O autor segue o estilo do autor português Luís
Vaz de Camões, um artista do quinhentismo e classicismo.
Gênero épico (gênero narrativo)
O poema é a
principal concretização de textos líricos. No entanto, não há somente poemas
líricos, mas, também, poemas épicos. A diferença se mostra no conteúdo dos
versos: enquanto versos líricos se prestam à exteriorização e expressão do eu
(ou seja, da 1ª pessoa), os versos épicos se prestam à narração de fatos
grandiosos de um personagem ou de toda uma nação (ou seja, da 3ª pessoa). Logo,
enquanto um poema lírico é pessoal e subjetivo, um poema épico é impessoal e
objetivo, como se pode notar na obra Caramuru.
TEMA CENTRAL:
O
poema fala sobre o descobrimento e conquista da Bahia pelo português Diogo Álvares Correa, após o naufrágio deste no litoral nordestino. Santa Rita Durão
narra ainda as aventuras de Diogo, bem como seu envolvimento com as Índias,
sobretudo com Paraguaçu, com quem se casa, deixando para trás Moema que se
suicida no mar ao ver partir o casal.
ESTRUTURA:
Poema épico, escrito em decassílabos rimados, com divisão em
cantos e estrofes. Imita, assim, o esquema tradicional imposto por Camões em Os
Lusíadas.
Diogo Álvares Correia - o Caramuru
Paraguaçu - filha do cacique Taparica
Gupeva e Sergipe - chefes indígenas
Moema - índia amante de Diogo
Opinião:
O Caramuru tem os
elementos tradicionais do gênero épico: duros trabalhos de um herói, contato de
gentes diversas, visão de uma sequência história. A sua linha é camoniana e o
intuito foi “compor uma brasilíada”.
A narrativa é enriquecida com referência a
fatos históricos desde o descobrimento até a época do autor, dando-se grande
relevo também à matéria descritiva e informativa. É o caso da descrição do
Brasil por
Diogo, coroando as tentativas de louvação da terra,
prenunciando certos aspectos do nacionalismo romântico.
Características
do arcadismo em Caramuru:
> objetividade
> idealização da mulher amada
>
valorização da vida no campo
Outras
obras:
Pro anmia
studiorum instauratione oratio.
Link para download da obra:
Biografia
Tomás Antônio Gonzaga
Biografia
Tomás
Antônio , Nasceu em Miragaia (cidade portuguesa) , Era filho de mãe portuguesa
que se chamava “Tomásia Isabel Clarque”, e pai brasileiro, nordestino “João
Bernardo Gonzaga”, Órfão de mãe Tomás mudou-se com o pai para Pernambuco em
1751 e depois para Bahia onde estudou no Colégio dos Jesuítas.
10 anos
depois em 1761 voltou a Portugal para cursar Direito na Universidade de Coimbra
tornando-se bacharel em Leis em 1768, Com intenção de ensinar naquela
universidade escreveu a tese Tratado de Direito Natural, no qual enfocava o
tema sob o ponto de vista tomista, mas depois trocou as pretensões ao
magistério superior pela magistratura.
Quando
voltou ao Brasil, em 1782 foi nomeado Ouvidor dos Defuntos e Ausentes da
comarca de Vila Rica, em Ouro Preto Durante sua permanência em Minas Gerais,
escreveu Cartas Chilenas, poema satírico em forma de epístolas, uma violenta
crítica ao governo colonial. Promovido a desembargador da relação da Bahia em
1786, resolveu pedir em casamento Maria Doroteia dois anos depois.
Suas principais obras são: Tratado de Direito Natural; Marília
de Dirceu (coleção de poesias líricas, publicadas em três partes em 1792, 1799
e 1812)
A data de
sua morte não é uma data certa, mas
sabe-se que ele veio a falecer entre 1809 e 1810
Características literárias
Sua poesia
apresenta as típicas características árcades e neoclássicas: o pastoril, o
bucólico, a Natureza amena, o equilíbrio etc. Paralelamente, possui
características pré-românticas (principalmente na segunda parte de Marília de
Dirceu, escrita na prisão)
Representações na cultura
Tomás
António Gonzaga já foi retratado como personagem no cinema e na televisão,
interpretado por Gianfrancesco Guarnieri na telenovela Dez Vidas (1969), Luiz
Linhares no filme Os Inconfidentes (1972) e Eduardo Galvão no filme Tiradentes
(1999).
Cláudio Manuel da Costa
Biografia
Filho de
João Gonçalves da Costa e Teresa Ribeira de Alvarenga, nasceu no sítio da
Vargem do Itacolomi em Ribeirão do Carmo atual cidade de Mariana em Minas
Gerais, Em 1749, aos
vinte anos de idade, embarcou para Portugal, matriculando-se na Universidade de
Coimbra, onde obteve o Bacharelato em Cânones.
Entre 1753 e
1754, retornou ao Brasil, dedicando-se à advocacia em Vila Rica (atual Ouro
Preto) por sua idade,
boa lição clássica, fama de doutor e crédito de autor publicado, exerceu uma
espécie de magistério entre os seus confrades em musa, maiores e menores, uma
vez que todos lhe liam as suas obras e lhe escutavam os conselhos.
Os registros
da trajetória da vida de Cláudio revelam uma bem sucedida carreira no campo
político, literário e profissional. Foi secretário de governo, poeta admirado
até em Portugal e advogado dos principais negociantes da capitania no seu
tempo. Acumulou ampla fortuna e sua casa em Vila Rica, era uma das melhores
vivendas da capital. Sólida e construção que ainda lá está a desafiar o tempo.
Morte
O ponto mais
crítico da biografia do poeta inconfidente vem a ser a suspeita do seu
suicídio. Sua morte está cercada de detalhes obscuros. Os partidários da crença
de que Cláudio Manuel da Costa tenha se suicidado se baseiam no fato de que ele
estava profundamente deprimido na véspera da sua morte.
Obras
Culto Métrico, 1749
Munúsculo
Métrico,1751
Epicédio,
1753
Representações na cultura
Cláudio
Manuel já foi retratado como personagem no cinema e na televisão no filme Tiradentes e na telenovela
Dez Vidas
Analise Obras Basílio da Gama
TEXTO ANALISADO
Texto — A morte de Lindóia (Canto IV)
Este lugar delicioso, e triste,
Cansada de viver, tinha escolhido
Para morrer a mísera Lindóia.
Lá reclinada, como que dormia,
Na branda relva, e nas mimosas flores,
Tinha a face na mão, e a mão no tronco
De um fúnebre cipreste, que espalhava
Melancólica sombra. Mais de perto
Descobrem que se enrola no seu corpo
Verde serpente, e lhe passeia, e cinge
Pescoço e braços, e lhe lambe o seio.
Fogem de a ver assim sobressaltados,
E param cheios de temor ao longe;
E nem se atrevem a chamá-la, e temem
Que desperte assustada, e irrite o monstro,
E fuja, e apresse no fugir a morte.
Porém o destro Caitutu, que treme
Os olhos, em que Amor reinava, um dia,
Cheios de morte; e muda aquela língua,
Que ao surdo vento, e aos ecos tantas vezes
Contou a larga história de seus males.
Nos olhos Caitutu não sofre o pranto,
E rompe em profundíssimos suspiros,
Lendo na testa da fronteira gruta
De sua mão já trêmula gravado
O alheio crime, e a voluntária morte.
E por todas as partes repetido
O suspirado nome de Cacambo.
Inda conserva o pálido semblante
Um não sei quê de magoado, e triste,
Que os corações mais duros enternece.
Tanto era bela no seu rosto a morte!
Cansada de viver, tinha escolhido
Para morrer a mísera Lindóia.
Lá reclinada, como que dormia,
Na branda relva, e nas mimosas flores,
Tinha a face na mão, e a mão no tronco
De um fúnebre cipreste, que espalhava
Melancólica sombra. Mais de perto
Descobrem que se enrola no seu corpo
Verde serpente, e lhe passeia, e cinge
Pescoço e braços, e lhe lambe o seio.
Fogem de a ver assim sobressaltados,
E param cheios de temor ao longe;
E nem se atrevem a chamá-la, e temem
Que desperte assustada, e irrite o monstro,
E fuja, e apresse no fugir a morte.
Porém o destro Caitutu, que treme
Os olhos, em que Amor reinava, um dia,
Cheios de morte; e muda aquela língua,
Que ao surdo vento, e aos ecos tantas vezes
Contou a larga história de seus males.
Nos olhos Caitutu não sofre o pranto,
E rompe em profundíssimos suspiros,
Lendo na testa da fronteira gruta
De sua mão já trêmula gravado
O alheio crime, e a voluntária morte.
E por todas as partes repetido
O suspirado nome de Cacambo.
Inda conserva o pálido semblante
Um não sei quê de magoado, e triste,
Que os corações mais duros enternece.
Tanto era bela no seu rosto a morte!
NOME DA OBRA: O uraguai (canto IV)
NOME DO AUTOR : José Basílio da Gama
NOME LITERÁRIO : Gama, Basílio da
PERSONAGENS:
Lindóia(irmã de Caitutu), Serpente, e Caitutu(guerreiro indígena; irmão de Lindóia);
SENSIBILIDADE PLÁSTICA : Apreende o mundo sensível com verdadeiro prazer dos sentidos. Recria o cenário natural sem que a notação do detalhe prejudique a ordem serena da descrição.
ESTRUTURA : A pobreza temática impele Basílio da Gama a substituir o modelo camoniano de dez cantos por um poema épico de apenas cinco cantos, constituídos por versos brancos, ou seja, versos sem rimas.
TEMA CENTRAL : Pelo Tratado de Madri, celebrado entre os reis de Portugal e de Espanha, as terras ocupadas pelos jesuítas, no Uruguai, deveriam passar da Espanha a Portugal. Os portugueses ficariam com Sete Povos das Missões e os espanhóis, com a Colônia do Sacramento. Sete Povos das Missões era habitada por índios e dirigida por jesuítas, que organizaram a resistência à pretensão dos portugueses. O poema narra o que foi a luta pela posse da terra, travada em princípios de 1757, exaltando os feitos do General Gomes Freire de Andrade. Basílio da Gama dedica o poema ao irmão do Marquês de Pombal e combate os jesuítas abertamente.
APRECIAÇÃO CRITICA : O poema é escrito em decassílabos brancos, sem divisão em estrofes, mas é possível perceber a sua divisão em partes: proposição, invocação, dedicatória, narrativa e epílogo. Abandona a linguagem mitológica, mas ainda adota o maravilhoso, apoiado na mitologia indígena. Foge, assim, ao esquema tradicional, sugerido pelo modelo imposto em língua portuguesa, Os Lusíadas. Por todo o texto, perpassa o propósito de crítica aos jesuítas, que domina a elaboração do poema.
A oposição entre rusticidade e civilização, que anima o Arcadismo, não poderia deixar de favorecer, no Brasil, o advento do índio como tema literário. Assim, apesar da intenção ostensiva de fazer um panfleto anti-jesuítico para obter as graças de Pombal, a análise revela, todavia, que também outros intuitos animavam o poeta, notadamente descrever o conflito entre a ordenação racional da Europa e o primitivismo do índio.
Variedade, fluidez, colorido, movimento, sínteses admiráveis caracterizam os decassílabos do poema, não obstante equilibrados e serenos. Ele será o modelo do decassílabo solto dos românticos.
ANALISE QUINTO CANTO : Por fim, o quinto e último canto, descreve o templo religiosos e a visão do massacre dos índios. Observa-se neste canto que não se busca narrar um fato histórico, mas sim denegrir a imagem dos Jesuítas, o que é notado no decorrer de toda a obra.
ANALISE QUINTO CANTO : Por fim, o quinto e último canto, descreve o templo religiosos e a visão do massacre dos índios. Observa-se neste canto que não se busca narrar um fato histórico, mas sim denegrir a imagem dos Jesuítas, o que é notado no decorrer de toda a obra.
Pode ser notada ainda neste canto a maneira como é apresentado o massacre dos índios, no qual se revela claramente o sentimento daqueles que observam a cena. Tal sentimento é puramente lírico. “Oh céus! Que negro horror. Tinha ficado imperfeita a pintura e envolta em sombras”.
Após o que já foi observado, deve-se ainda levar em conta a forma como foi dividida a obra, sendo apresentado em cinco partes, o que não é próprio de obras épicas, que devem ser divididas em dez. Além do mais, esta obra apresenta um tema pobre e por isso incapaz de sustentar um poema épico.
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